19.4.08

a subir, sempre a subir...

Desemprego, tema do dia.
Infelizmente a comunicação social gasta o seu tempo a passar as últimas dos mil e um candidatos à presidência do PSD, ou então com a crise do Benfica. Ora, há crises bem mais importantes que a crise «encarnada» mas essas não abrem telejornais. Será falta de notícias sobre o desemprego? não me parece. Recuando três anos atrás, aquando da campanha para as legislativas, o emprego era a principal bandeira do PS. O ditado popular bem diz que «quem jura, mais mente» e de facto foi isso que aconteceu; 150mil postos de trabalho prometidos e 3 anos de governação socialista depois, temos uma das mais altas taxas de desemprego de sempre registadas em Portugal. No mínimo, poderia haver um sincero pedido de desculpas pela incapacidade em cumprir o prometido mas nem isso ainda se deu. Quando confrontados com a problemática do desemprego, os governantes respondem com estatísticas mesmo quando estas estão do lado dos enganados, ou seja, daqueles que sofrem na pela as «estatísticas». Enquanto que os sportinguistas e benfiquistas dizem que «é para o ano», os (des)governantes dizem que é para o próximo trimestre.
Bem, descendo à realidade, o cenário é bem mais negro que este jogo sujo das estatísticas. Temos, quase diariamente, multinacionais a deslocaram-se para países com mão-de-obra (ainda) mais barata que em Portugal enquanto milhares de famílias ficam, muitas das vezes, sem pão para comer. Os produtores portugueses também não estão muito melhor posicionados; os reflexos da tão proclamada crise fazem-se sentir na queda das encomendas enquanto, ainda por cima, o Estado nada faz para aliviar a carga fiscal. Muitas das vezes famílias inteiras são deixadas ao sabor do vento mas a retórica governamental continua a fazer transparecer que tudo vai bem e compara as nossas performances com os vizinhos europeus. Parece que o ditado popular «com o mal dos outros podemos nós bem» não consta nos dicionários do largo do Rato, em Lisboa.
Ora, se o cenário é assim tão negro como é possível não haver oposição? Mesmo com maioria absoluta, caso houvesse uma verdadeira oposição parlamentar, algo seria possível. Impossível é ficar calado com tudo isto a passar-se mesmo à nossa frente e, mesmo assim, ainda há quem dê o seu voto a esta gente. Por esta lógica, os culpados somos «nós». Infelizmente, apesar de haver mais 4 partidos, todos banqueteiam-se à mesma mesa visto que todos têm objectivos comuns: servirem-se do tacho!
Ainda no desemprego, os jovens, desde muito cedo, apercebem-se que o futuro nada risonho será. Já não estamos no tempo em que o canudo era sinónimo de bom emprego; aliás, estamos precisamente ao invés disso. Ainda com este cenário cada vez mais negro, ainda falta sublinhar a fuga dos nossos «cérebros» para o estrangeiro. Realmente, com este cenário económico e social, dificilmente temos condições para segurar os bons profissionais. Já não basta ser competente, é necessária uma ligação política. Infelizmente é isso que acontece e, só assim, se explica como ainda há quem se filie nalgum partido do sistema. Diariamente assistimos a (escandalosos) casos em que ex-ministros chegam a presidir as maiores empresas de Portugal e, muitos deles, mal têm competências para exercer tais cargos. Assim vai Portugal, assim vamos nós...